O Subversivo Elegante – A vida antifascista de Giacomo Schirone

A história diz respeito a uma figura familiar: Giacomo Schirone, um dos dois irmãos do meu avô paterno, portanto tio do meu pai, que recebeu o seu nome. Nascido em 1900 (mas os documentos indicam a data de 21 de janeiro de 1901), foi sempre socialista; perseguido pelo fascismo, exilado em França, combatente em Espanha, antifascista no pós-guerra e até ao fim. Como filosofia de vida, é anticlerical e racionalista.
Não foi fácil recolocar no lugar todas as peças de uma vida plenamente vivida de forma ativa e participativa nos acontecimentos nacionais e internacionais, desde os seus primeiros anos até ao fim. São muitos os detalhes de arquivo, as notas pessoais, os manuscritos e os vestígios da sua rica atividade política e cultural que, em conjunto, dão corpo e voz a Giacomo, figura digna de um alfaiate de Bari, fino e preciso. Internacionalista de toda a vida, companheiro de Nenni, combatente em Espanha (o único bariense – documentado – a participar na Guerra Civil), referência para os jovens de Bari, Milão e Marselha.
Um conhecedor da elegância, mesmo sendo um partidário.
Trata-se de uma investigação que pretende ir além da exposição de uma biografia afectiva para se tornar uma memória colectiva e iluminar uma história pessoal intimamente ligada à história do século XX. Um exemplo de vida, coerente e aventureiro.

Apesar do seu baixo nível de escolaridade, Giacomo cultiva uma curiosidade intelectual, primeiro em relação ao pensamento socialista, ao ponto de fazer opções políticas que põem repetidamente em perigo a sua vida e a segurança dos que o rodeiam. Daí a decisão de partir (era a noite de meados de agosto de 1923) clandestinamente para França. A partir de Marselha, a sua militância leva-o a ser escolhido como combatente em Espanha, nas Brigadas Internacionais de Carlo Rosselli, ao lado de Nenni e Di Vittorio.
Aderiu ao nascimento do Partito d’Azione; sempre na linha da frente, encontramo-lo tanto no 1º Congresso dos Comitati di Liberazione Nazionale (Comités de Libertação Nacional) como na reconstituição da Camera del Lavoro (ambos realizados em Bari, em janeiro de 1944).
Esteve presente na trágica procissão de 28 de julho de 1943 em Bari (o massacre da Via Niccolò dell’Arca); maçon por afinidade com o pensamento racional e fraterno; anti-clerical até ao fim: através de Giacomo conhecemos também a vida dos exilados, bem como o pensamento de um grande racionalista espanhol, Francisco Ferrer, que Giacomo difundirá mais tarde na vida cultural de Bari do pós-guerra.
A sua história, tanto política como humana, é também contada através das palavras daqueles que o conheceram, incluindo jornalistas que traçaram um perfil apaixonado dele no rescaldo da sua morte (16 de setembro de 1980).